Trilhas da imaginação: uma viagem pela Coleção Isaura Amélia.

A mais representativa e diversificada coleção de arte potiguar, com um recorte especial e afetivo na produção artística mossoroense, ganha vida e enche de encantamento a Pinacoteca e Memorial ESAM-UFERSA Mossoró.

Mais do que isso, permite uma viagem poética pelas trilhas e veredas da imaginação de artistas de Mossoró, do Rio Grande do Norte, do Brasil e de diversas partes do mundo. A partir desse acervo, criteriosamente constituído ao longo de uma vida pela Professora Doutora Isaura Amélia, foram estruturadas estações e paradas para que o visitante possa usufruir das escolhas e perspectivas da colecionadora, cuja trajetória está profundamente ligada ao semiárido. Isaura Amélia exerceu o magistério na ESAM/UFERSA e, como gestora cultural, foi responsável pela criação dos autos “Da Liberdade” e “Chuva de Bala em Mossoró, do “Natal em Natal”, aí também do espetáculo “A Princesa de Bambulua” e, em São Gonçalo do Amarante, do “Mártires de Cunhaú e Uruaçu”.

Iniciando pelas “jóias da coroa”, a Estação País de Mossoró apresenta o pioneirismo e a riqueza de poéticas e estéticas dos artistas desta terra. Na Estação Precursores, acadêmicos e populares que fundaram nossa tradição artística estão “juntos e misturados”. Em seguida, uma justa homenagem é prestada a um dos grandes artistas potiguares na Estação Dorian Gray: moderno e muito mais. Na sequência, temos a “virada de chave” com a Estação Modernos e Além. Nela, três paradas são obrigatórias: Rossini Perez: de Macaíba para o mundo, Palatinik: a Arte Cinética e Falves Silva: O Poema-Processo e a Arte Postal.

A Estação Anos 80 mostra toda a efervescência e a busca de identidade dos nossos artistas naquele período e Câmara Cascudo é homenageado na Estação do Folclore, seguida pela Estação da Fé: entre o sagrado e o artístico, e pela Estação do Cangaço: uma chuva de ARTE!

Na Estação da Diversidade, o feminino e outras expressões são o foco, com uma parada obrigatória na obra do Prof. Ayala, artista visual e professor da UFERSA, que traz os povos originários e registros do cotidiano para a tela. A viagem é finalizada na Estação Destaques, com escolhas especiais da Coleção Isaura Amélia.

Com bastante razão, a professora Isaura Amélia assevera: “O melhor de mim está aqui! É chegada a hora de conquistar novos espaços, encantar novos olhares, frequentar novas escolas ou, o que é um sonho, tornar esta coleção uma escola de cores, manchas e sentimentos para olhares alheios. Entrego à UFERSA o que amealhei em vida.”

A nós, gente do semiárido e do Brasil, nosso eterno agradecimento!

Com admiração,

Manoel Onofre Neto
Curador


 
Exposição “Trilhas da Imaginação: uma viagem pela coleção Isaura Amélia” seria uma viagem imaginária pela arte potiguar, contando com ESTAÇÕES que delimitam os grandes momentos da nossa arte e PARADAS que correspondem a destaques ou subtemas

Na entrada principal que dá acesso ao prédio da PINACOTECA E MEMORIAL UFERSA MOSSORÓ, há muito o que ver da nossa história:
FÓSSEIS – As 4 colunas monumentais de fósseis de 90 milhões de anos
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GUARDIÕES DO TESOURO

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PINTURAS RUPESTRES

Mesmo antes de ser “descoberto” já existia ARTE no Brasil, afirmou o professor Ariano Suassuna. Essa arte são as PINTURAS RUPESTRES, registros deixados por nossos antepassados em cavernas e rochas. As mais antigas do Brasil datam de 17.000 mil anos. Aqui você pode ver copias dos registros pré-históricos dos nossos sítios arqueológicos.
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POVO QUE HABITOU O SEMIÁRIDO E SEUS DESCENDENTES

As gigantescas esculturas de Marelo Amarelo falam dos nossos primeiros habitantes: os índios moxoros, os negros escravos, o europeu e os mestiços. E, simbolicamente, o busto em bronze de Dix-huit Rosado, fundador desta Escola, quando presidente do INCRA e as placas de formatura da antiga ESAM, dão conta de nós todos, descendente que somos dos povos originários.

Aqui estão reunidos mais de 50 artistas de Mossoró, a partir dos primeiros que temos notícias até a geração mais jovem. Essa é também a primeira sistematização sobre a história das artes plásticas da cidade que tomamos emprestado à Prof. Isaura Amelia.
Pioneiro na xilogravura no Rio Grande do Norte, João da Escóssia (*27.05.1873+14.12.1919) entalhava na madeira para impressão em papel, já no começo do século passado, frontispícios, retratos, charges e ilustrações para as edições do periódico “O Mossoroense”, seria, portanto, o primeiro artista plástico da cidade, e quiçá do estado do RN.
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Manuelito

(17.08.1910+10.08.1980)

Utilizou-se da fotografia para expressar sua arte e realizar registros antológicos de Mossoró, de sua gente e dos acontecimentos históricos e sociais.
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Marieta Lima

(*1912+2013)

É a grande referência nas artes visuais do País de Mossoró. Deixou um legado onde a diversidade poética impera, com destaque para as naturezas-mortas, repletas de lirismo. Literalmente “fez escola”, tendo entre seus discípulos artistas de renome, como seus filhos Ivan e Ivanilde, bem como Varela e Boulier.
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Faz parte do inconsciente coletivo a máxima de que Mossoró é vocacionada para as artes. Isso, aliado à determinação e persistência, tem colaborado a produção de artistas mossoroenses como Rogério Dias, Ney Morais, Vicente Vitoriano, Marcelo Amarelo, Nora Aires, Careca, Kátia Fleischmann, Clarissa Torres, Escravo da Arte, Marcelo Amarelo, Kelly Lira, Isaías, Caroline Verissimo, Elso, Marivan, dentre outros, siga pulsante, abrindo caminho para o surgimento de novos valores.
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Aldenor Gomes, Delvair Valdes, Larry Barbosa são 3 artistas mestres e doutores oriundos dos quadros docentes da antiga ESAM.
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popular no Rio Grande do Norte.
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Os pintores ACADEMICOS Raul Pedroza (1892 – 1962) e Moura Rabello (1895 – 1979) são dois artistas e intelectuais nascidos em Natal/RN que também integram a representação dos precursores da arte potiguar na Coleção Isaura Amélia. O primeiro, “Raul de Natal”, com sólida formação acadêmica, é reconhecido como um dos introdutores do surrealismo no Brasil. Já o segundo, M. Rabello, com apuro técnico e maestria no uso do claro-escuro, concebia retratos com profundidade e dramatismo por meio do contraste entre luz e sombra.
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OS ARTISTAS POPULARES:

Já no alvorecer do século XX, em Mossoró, onde nasceu, João da Escóssia (1873 – 1919), construindo seus próprios instrumentos, entalhava a madeira e imprimia a sua arte no papel – a xilogravura. No mesmo período, Maria do Santíssimo (1890 – 1974), natural de São Vicente/RN, pintora autodidata, utilizava palito de coqueiro mastigados na ponta e anilina, sobre papel, para retratar a fauna e a flora sertaneja, estampando as faces internas dos baús, oratórios e paredes das famílias tradicionais do Seridó.
Xico Santeiro (nascido Joaquim Manoel de Oliveira – 1898 – 1966), escultor popular, completa a estação dos desbravadores. Natural de Santo Antônio do Salto da Onça/RN, é o grande ícone da escultura

 

Na sequência alcançamos o MODERNO POTIGUAR. Alias, um dos representantes mais icônicos deste período, você já visitou na “galeria” Dorian Gray Caldas. Dorian nasceu em Natal/RN, em 16 de fevereiro de 1930. Foi um artista multifacetado: pintor, escultor, ceramista, tapeceiro, gravador, escritor, poeta e crítico de arte. Seu trabalho é caracterizado pela diversidade de técnicas e pela profunda ligação com a cultura nordestina, refletindo tanto tradições populares quanto temas universais.
Dorian é lembrado não apenas por sua vasta e rica produção artística e literária, mas também por seu compromisso com a cultura e a arte potiguar, deixando uma contribuição inestimável para o cenário cultural brasileiro. Mas, voltemos ao tema deste grande salão, ESTAÇÃO MODERNOS e além: a “virada de chave”.

O modernismo nas artes visuais potiguar marcou um período de profunda transformação e inovação, refletindo as mudanças que ocorreram no cenário artístico nacional e internacional no início do século XX, buscando romper com os padrões acadêmicos e tradicionais. Newton Navarro e Dorian Gray Caldas nos anos 50, foram os principais protagonistas dessa “virada de chave”, acompanhados por Ivon Rodrigues. Seguidamente, surgem importantes expoentes, dentre eles Túlio Fernandes, Thomé Filgueira, Leopoldo Nelson, Manxa, Marlene Galvão e Assis Marinho,
O movimento modernista no Rio Grande do Norte foi também marcado, em um segundo momento, pela formação de grupos e coletivos de artistas que promoviam exposições, debates e a troca de ideias, abrindo caminho para a contemporaneidade, com destaque aos trabalhos conceituais pioneiros de Zaira Caldas, Falves Silva, Selma Bezerra e Guaraci Gabriel, dentre outros.
Paralelamente, à produção artística dita naif ou popular se consolida e artistas potiguares são projetados no cenário nacional, dentre eles Edilson Araujo, Dona Dadi, Iaponi Araújo, Fé Córdula, Luzia Dantas e Iaperi Araújo.
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PARADA PALATINIK: a arte cinética.

Abraham Palatnik (1928-2020) é conhecido por seu pioneirismo na arte cinética e nas artes visuais contemporâneas. Nascido em Natal, Rio Grande do Norte, formou-se em engenharia, mas sua paixão pela arte o levou a explorar novas fronteiras na combinação de tecnologia e estética.
Seus aparelhos cinecromáticos e objetos cinéticos exploram a interação entre espaço, tempo e movimento, desafiando as convenções tradicionais da arte estática.
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PARADA ROSSINI PEREZ: de Macaíba para o mundo.

Rossini Perez é um importante artista gráfico brasileiro, nascido em 1934 em Macaíba, Rio Grande do Norte. Destacou-se como um dos mais importantes gravuristas do Brasil, com uma carreira pautada pela inovação técnica e pela profundidade temática de suas obras.
Além de seu trabalho como gravurista, Rossini também atuou como professor, influenciando e formando novas gerações de artistas.
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PARADA FALVES SILVA: do poema-processo e da arte postal.

Falves Silva é um artista visual radicado em Natal, tendo sido um dos pioneiros do Poema/Processo.
Com uma poética vanguardista e uma trajetória sólida, esse potiguar afetivo tem participado de diversas exposições, dentre elas a XVI Bienal de São Paulo, ocorrida em 1981, período em que se associou à rede internacional de Arte Postal, estabelecendo correspondência com diversos artistas nacionais e estrangeiros.
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Ainda no mesmo salão, chagamos aos anos 80 nas artes visuais do Rio Grande do Norte foi um período de grande efervescência e transformação, marcado pela diversidade de estilos e pela emergência de novas vozes artísticas.
Fernando Gurgel, Marcelus Bob, Jayr Peny, Cristina Jácome, Carlos Humberto Dantas e César Revoredo se destacaram, explorando temas contemporâneos e utilizando uma variedade de técnicas e materiais.
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O folclore encontra uma de suas expressões mais ricas e profundas na obra do potiguar Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). A vasta obra de Cascudo tem servido como uma fonte inesgotável de inspiração para nossos artistas, que se apropriam dos temas por ele explorados, transformando o folclore em uma rica matéria-prima para a criação artística.
Na Coleção Isaura Amélia, o folclore é uma temática de especial relevância. As Obras de Carlos Sérgio Borges, Djalma Paixão, Rosa MC, Edilson Araújo, Ivanise e Nivaldo, dentre outros, celebram as festas populares, tradições e costumes regionais, contribuindo para a preservação e valorização do folclore.
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A FÉ: entre o sagrado e o artístico.


A fé e a religiosidade têm sido temáticas recorrentes de inspiração para a criação artística ao longo dos séculos. As obras executadas por artistas em diversos estilos e técnicas, como Gilvan Lopes, Fábio Eduardo, Davina e Ricardo Veriano convidam o espectador a refletir sobre a relação entre o divino e o cotidiano, explorando questões como o mistério, a devoção, o simbolismo e a transcendência.
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NO CANGAÇO: uma chuva de ARTE!


O cangaço transcendeu a história para se tornar um símbolo poderoso na cultura brasileira, especialmente no Nordeste. Sua estética tem sido traduzida em imagens e formas artísticas, revelando a complexa interseção entre violência, poder e identidade. A estética do cangaço e do próprio sertanejo, com seus trajes ornamentados, chapéus de couro e armamentos personalizados, é reinterpretada por artistas como Dione Caldas, Ângela Almeida, Nilson, Ery Medeiros e Azol, trazendo à tona questões de justiça social, dominação, vaidade e o próprio imaginário popular.
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A coleção Isaura Amélia celebra o feminino e suas múltiplas representações, abraçando não apenas a diversidade, mas sobretudo a força e a resiliência das mulheres, retratando suas lutas e conquistas. Criações de Sônia Jácome, Francisco Iran, Diniz Grilo, Pazciência, Sarah Ferndandes e outros oferecem esse olhar abrangente sobre o feminino. São interpretações únicas que desafiam estereótipos e ampliam o entendimento do que significa ser mulher em um mundo em constante transformação.
As criações de Flávio Freitas, Mocó, Vicente Santeiro e André Barros, dentre outros, abordam temas como o (des)encontro; a vulnerabilidade e complexidade do(e) ser; as tradições e saberes ancestrais dos povos originários, buscando promover a compreensão e o reconhecimento da importância de todas as formas de identidade, tendo a diversidade como um patrimônio comum.
Abstrações e poéticas conceituais de Marília Bulhões, Alfredo Neves, Arthuri e Di César ampliam as possibilidades e oportunidades de leituras e interpretações artísticas.
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PARADA Prof. AYALA: povos originários e registros do cotidiano em tela.


Ayala Gurgel é filósofo, escritor e artista visual autodidata. Nasceu em Alexandria/RN, tendo mudado ainda jovem para Mossoró/RN, onde concluiu seus estudos no Colégio Diocesano.
A pesquisa artística do Prof. Ayala se apresenta como um reflexo do seu pensamento acadêmico: um mergulho no cotidiano dos povos simples, redescobrindo a própria cultura. Um recorte importante na obra do artista é a presença da representação dos povos originários e suas ambiências.
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As obras da Coleção Isaura Amélia foram amealhadas com foco na produção de artistas potiguares, com especial destaque aos mossoroenses, perfazendo todo o percurso histórico, estilístico e poético das artes visuais do Rio Grande do Norte e de Mossoró, dos precursores aos contemporâneos.
O acervo reserva surpresas e preciosidades que transpõem as fronteiras do nosso estado e do Brasil. Nessa estação uma pequena seleção é apresentada. Obras de Frans Post e Debret dividem espaço com Salvador Dali, Di Cavalcanti, Parreiras e Bernadelli. Ostenta, ainda, obras de Chico da Silva, Ariano Suassuna e Djanira. Sem falar em Aldemir Martins, Eli Heil, Manuel Eudócio e muito mais…
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Uma seleção para mossoroense (e o mundo) ver!

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